8 de jun. de 2010

Cinco dias, cinco nós para resolver e consolidar a aliança entre PMDB e PT

Correio Braziliense - Ivan Iunes

Fechados em torno da candidatura presidencial da petista Dilma Rousseff, PMDB e PT têm agora cinco dias para desfazer cinco nós, pendentes para a aliança nacional ser sacramentada com mais tranquilidade. O prazo apertado se deve às convenções nacionais das legendas, marcadas para o fim de semana. Os encontros são as últimas oportunidades de os diretórios intervirem com mão de ferro nas composições estaduais. Depois de resolverem o maior impasse entre os partidos, em Minas Gerais, PT e PMDB usarão a semana para acertar as costuras no Pará, Paraná, Ceará, Maranhão e Santa Catarina.

A intenção dos presidentes das duas legendas, Michel Temer (PMDB) e José Eduardo Dutra (PT), é que os estados “deflagrados” entrem em acordo, sem a necessidade de intervenção nacional. O receio da dupla é de que as composições forçadas diminuam o ímpeto das militâncias em estados-chaves para a campanha presidencial. Por isso, a prioridade foi decidir os rumos da sucessão em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Em uma série de reuniões que tomaram a segunda-feira, petistas e peemedebistas bateram o martelo para lançar o senador Hélio Costa (PMDB-MG) para o governo mineiro e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) para o Senado. Os políticos se digladiaram na última semana pela cabeça de chapa. Os petistas saíram de cena em prol da aliança. “A decisão em Minas era um dos eixos a nortear a decisão nacional. Esse palanque é importante para que a ex-ministra Dilma Rousseff consiga vencer no estado”, admitiu Dutra.

Vencida a batalha, Costa terá agora que fazer uma ginástica para atrair a militância do partido aliado. Os petistas ainda estão com as feridas abertas, já que a escolha envolveu até a participação do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Até o último momento, o PT mineiro tentou emplacar Pimentel. O dedo presidencial, contudo, encerrou a questão. O próprio presidente da legenda em Minas, Reginaldo Lopes, resumiu o clima pós-acordo: “Estou com a alma ferida”.

Mesmo em clima de sepultamento, o petista garante que trabalhará pela eleição de Hélio Costa. “Estaremos de corpo e alma na campanha”, anunciou. Além de definir o nome do vice — o favorito é o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias (PT) — Costa tentará fechar alianças com partidos aliados, como o PSB e o PR. “Ainda temos duas posições majoritárias (vice-governador e senador), e duas suplências de senador para negociar”, indicou o ex-ministro das Comunicações, otimista com o futuro. “Não tenho a menor dúvida de que terei apoio de todo o PT. Fui ministro do presidente e um aliado desde o primeiro mandato. Tenho ótima relação com o PT. As disputas acabaram. As declarações das lideranças foram claras e objetivas. Todos se comprometeram com a aliança”.

Embarque
Para evitar arestas ainda maiores do que as resultantes do acordo em Minas, PT e PMDB devem correr para fechar acordos nos últimos cinco estados indefinidos. Em pelo menos um deles, o Maranhão, a possibilidade de intervenção é real. A candidata à reeleição Roseana Sarney (PMDB) pressiona pelo apoio dos petistas. Em decisão estadual, o PT decidiu embarcar na campanha do deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA). “Nossa defesa é o respeito à autonomia dos estados. Foi feito um encontro, dentro da lei, e o PT decidiu nos apoiar”, ressalta Dino. A resposta para o nó maranhense deve ser anunciada na sexta.

No Pará e no Ceará, as arestas se localizam na disputa pelo Senado. Descontente com a participação do partido no governo de Ana Júlia (PT), o candidato ao Senado Jader Barbalho (PMDB) deve capitanear a escolha de um nome próprio do partido para a sucessão. No Ceará, o candidato ao Senado Eunício Oliveira (PMDB) quer a retirada da pré-candidatura de José Pimentel (PT). Com uma disputa acirrada com o candidato tucano Tasso Jereissati (PSDB), Eunício teme perder a eleição para Pimentel.

No Paraná e em Santa Catarina, o acordo vai de provável a praticamente impossível. Os petistas paranaenses tentaram inflar a pré-candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo, mas o pedetista deve comprar bilhete para atravessar as eleições como candidato à reeleição no Senado, aliado aos tucanos. Restaria ao PT se aliar ao atual governador, Orlando Pessuti (PMDB). O peemedebista exige que a pré-candidata petista ao Senado, Gleisi Hoffmann, ocupe a vaga de vice na chapa — mesma exigência já feita por Dias. Ela reluta a fechar um acordo, mas pode ceder aos apelos do diretório nacional.

Em Santa Catarina, a senadora Ideli Salvatti (PT) é o nome dos petistas para o governo. No estado, a aliança com o PMDB é dada como perdida. O caminho mais provável é de que a legenda feche acordo com PSDB e DEM. A tríplice aliança escolheria um nome entre Leonel Pavan (PSDB), Raimundo Colombo (DEM) e Eduardo Moreira (PMDB), para ocupar a cabeça de chapa. Os outros dois ficariam com a vice e com o posto ao Senado.

QUANDO VALE O FICHA LIMPA
» O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu ontem a quarta consulta sobre o projeto Ficha Limpa. O deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) questiona se a lei, sancionada no fim da semana passada pelo presidente Lula, “se aplica aos registros de candidaturas no próximo pleito eleitoral, em outubro de 2010”. Essa consulta se junta a outras três protocoladas no TSE no mês passado. Duas também tratam da aplicação da lei já nessas eleições e a outra, do deputado Jerônimo de Oliveira Reis (DEM-SE), questiona a possibilidade de políticos condenados antes da aprovação da lei terem a candidatura vetada. Ainda não há data definida para o plenário do TSE responder às consultas, mas é possível que isso ocorra ainda esta semana.

José Eduardo Dutra fala sobre a aliança entre PT e PMDB em Minas


Entrevista com Michel Temer e José Eduardo Dutra sobre a aliança em Minas

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/06/08/politica,i=196545/CINCO+DIAS+CINCO+NOS+PARA+RESOLVER+E+CONSOLIDAR+A+ALIANCA+ENTRE+PMDB+E+PT.shtml

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