19 de fev. de 2010

Programa do PSB na TV alerta para o risco da polarização

Raquel Ulhôa | Valor

BRASÍLIA - Com sua pré-candidatura à Presidência da República indefinida, o deputado Ciro Gomes (PSB) foi âncora do programa partidário exibido ontem no rádio e na televisão. Condutor dos dez minutos que foram ao ar, Ciro apontou riscos de uma eleição presidencial polarizada entre PT e PSDB e defendeu avanços na política econômica. Os socialistas, no entanto, tiveram a preocupação de deixar aberta a possibilidade de o deputado disputar o governo de São Paulo, como preferem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

O recado foi dado de forma indireta, por meio de imagens de um grupo de pessoas gritando " eu amo São Paulo " . Segundo dirigentes do PSB, foi mesmo uma propaganda subliminar. A intenção era sinalizar que a hipótese da candidatura a governador de São Paulo não está descartada pelo partido.

Ciro faz uma exposição de dois minutos na abertura do programa. Exalta conquistas do governo Lula, mas defende mudanças na política econômica do próximo governo. Propõe, por exemplo, a adoção de uma política industrial capaz de tirar o Brasil da condição de exportador de commodities e produtos primários e transformá-lo em exportador de produtos industrializados.

O deputado faz ponderações com relação à estratégia defendida por Lula e PT de lançar a ministra Dilma Rousseff (chefe da Casa Civil) como única candidata da base governista à Presidência, para disputar com o candidato do PSDB - provavelmente o governador de São Paulo, José Serra.

Para o deputado, que expressa no programa a posição do PSB, deveria haver mais uma candidatura de centro-esquerda para possibilitar debate mais plural no primeiro turno. É essa a tese que Ciro e dirigentes do PSB têm defendido, mas à qual Lula se opõe. Como o presidente tem conseguido manter a base aglutinada em torno de Dilma, o PSB está sem aliados para lançar Ciro.

A decisão deve ser tomada até abril. O PSB espera que fatos novos possam influenciar o quadro eleitoral. Recentes pesquisas de intenção de voto para presidente mostram que a ministra vem crescendo, mas que Serra pode vencer no primeiro turno sem Ciro na disputa.

A evolução das pesquisas pode favorecer ou enfraquecer a tese do PSB. Dirigentes acham que, se a candidatura da ministra se mostrar fragilizada nos próximos meses, Lula poderá ser convencido a aceitar o lançamento de Ciro. A ideia seria uma aliança dos candidatos governistas em eventual segundo turno.

Após a abertura do programa partidário, a cargo de Ciro, é a vez de os governadores do PSB aparecerem para falar de suas administrações. Em gravações separadas, Eduardo Campos (PE) - que também fala como presidente nacional do partido- , Cid Gomes (CE) e Wilma de Faria (RN) são apresentados por Ciro, que faz perguntas e comentários a cada um sobre suas realizações. A ênfase é dada para as políticas sociais como vetor do desenvolvimento.

No programa partidário anterior do PSB, exibido no ano passado, Ciro já apareceu como espécie de mestre de cerimônias. A legislação eleitoral proíbe lançamento de candidaturas neste momento e pedido de votos. Mas os partidos aproveitam os programas gratuitos para colocar em evidência seus pré-candidatos.

http://www.valoronline.com.br/?online/politica/6/6114241/programa-do-psb-na-tv-alerta-para-o-risco-da-polarizacao

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