20 de fev. de 2010

Lula defende política de alianças do PT com partidos da base para eleger Dilma

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Na véspera do lançamento da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira a política de alianças do PT com outras legendas que integram a base governista. Lula sinalizou que Dilma poderá subir em dois palanques nos Estados onde o PT e outros partidos aliados tiveram candidatos próprios aos governos locais.

"Eu vivi a experiência mais empírica que um homem pode viver na política, que foi subir no palanque de dois candidatos: o Humberto Costa e o Eduardo Campos, em Pernambuco. Eu dizia: quando terminar isso aqui, somos só um. E no segundo turno, nos juntamos todos e elegemos Eduardo Campos. Eu acho que isso pode ser feito em muitos lugares. Em outros lugares é impossível. Mas um partido como o PT tem que descobrir que é grande", afirmou.

Lula disse que o PT vai conseguir eleger Dilma como nova presidente do Brasil com o apoio de outros partidos da base governista. "Amanhã eu venho aqui [no congresso do PT] só pra falar da nossa futura presidente da República Dilma Rousseff", afirmou.

Lula defendeu a política de alianças partidárias ao afirmar que a união entre legendas é tão necessária quanto o diálogo entre diferentes chefes de Estado. "Se nós, ao sermos eleitos presidentes dos nossos países não construirmos essa aliança partidária, muitas vezes acontece problema porque o presidente não tinha construção partidária e entrosamento partidário. Precisamos construir uma relação além dos governos, e muito mais ampla."

Ao empossar a nova direção nacional do PT durante congresso nacional do partido, Lula disse que a legenda conseguiu se manter firme nos últimos anos mesmo com a disposição da elite em "destruí-lo" após o episódio do mensalão, em 2005.

"Alguns pregoavam que o partido tinha quebrado, mas o PED [processo de eleição interna do PT] de 2005 com a participação de mais de 300 mil militantes mostrou que um partido que tem raízes, que está incrustado na alma de milhões de brasileiros, não se acaba porque a elite quer destruí-lo", afirmou.

Lula disse que compreende o "ódio" que alguns setores mantém contra o PT, mas disse que o partido conseguiu enfrentar turbulências sem esquecer das suas principais bandeiras. "Eu até compreendo o ódio que algumas pessoas têm do PT. Na crise, chamavam a gente de raça, de bando. E os que queriam acabar, estão quase acabando. [...] Quando a gente tem firmeza ideológica, quando precisa demarcar o lado que a gente está, a gente não tem medo de turbulência. Porque a verdade é que fincamos raízes nesse país."

Presidência

Ao lembrar que deixará a Presidência da República em janeiro, Lula disse que não pretende disputar nenhum cargo eletivo dentro do PT. "Quando eu deixar a Presidência, fiquem tranquilos que não vou querer nunca mais disputar um cargo dentro do PT. Mas tenho certeza que vou estar contribuindo para o PT em qualquer lugar que eu tiver, em qualquer função que eu estiver fazendo nesse país."

Lula disse que, quando deixar o governo, pretende participar do "fortalecimento da integração política" do continente americano. "Ela acontece menos do que nós merecemos porque não temos essa cultura ainda espraiada", afirmou.

Ao lado do vice-presidente José Alencar, Lula foi ovacionado pela militância petista presente no congresso nacional do partido. Alencar, ao discursar para os petistas, disse que deve ao PT o fato de ter sido eleito para a vice-presidência. "Tenho orgulho de pertencer a esse partido, mesmo que de forma honorária."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u696507.shtml

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