1 de jun. de 2010

Dilma revela seus 'planos gerais' para intelectuais

Sem propostas concretas, petista fala da "importância do desenvolvimento" ao "equilíbrio" entre agronegócio e agricultura familiar

João Paulo Gondim, especial para o iG

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, reuniu-se na noite desta segunda-feira (31) com cerca de 200 pessoas, entre intelectuais, políticos, artistas e integrantes de ONGs, em um hotel de Copacabana, na zona sul do Rio, para expôr, em linhas gerais, seu projeto de nação. Segundo participantes, ela não apresentou propostas concretas.

Dilma chegou com mais de 1h20 de atraso ao evento (às19h22; a reunião, fechada para a imprensa, estava marcado para as 18h), entrou e saiu pela garagem, sem falar com os repórteres. No encontro, que durou aproximadamente 1h30, a petista sentou-se à mesa com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, e os realizadores da reunião: o sociólogo Emir Sader e a ministra Nilcéia Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres). Teve meia hora para responder perguntas e uma hora pra fazer sua exposição.

De acordo com participantes do encontro, Dilma defendeu a importância do desenvolvimento, além do crescimento econômico. Para ela, o Estado deve ser indutor e regulador da economia. A petista afirmou haver dois pilares em seu projeto: inovação e educação, que deve ser de qualidade desde a creche. Segundo os presentes, a pré-candidata afirmou que o agronegócio deve estar em equilíbrio com a pequena agricultura familiar, mas não esmiuçou como faria isso. Dilma também defendeu o "novo espaço que o Brasil ocupa no cenário internacional", mas, também de acordo com pessoas que estiveram no encontro, não comentou casos concretos nem disse como lidará com a política externa em seu eventual governo.

A pré-candidata, que defendeu um aumento no orçamento da Cultura, sem no entanto estipular um valor exato, defendeu um "serviço público de qualidade". Segundo testemunhos, Dilma disse que melhorar salário de professor "não é custeio, mas investimento". Ela ainda defendeu a "meritocracia" e a realização de mais concursos públicos. A petista disse que apostará na diversidade de fontes energéticas. De acordo com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a pré-candidata defendeu um novo marco regulatório para o pré-sal, no intuito de que os ganhos sejam "intergeracionais".

Segundo o presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, a pré-candidata cunhou a expressão "bendição do petróleo", contrapondo-se à "maldição do petróleo" de países árabes, que não conseguem investir os ganhos no combustível. Dilma, disse Sodré, se propôs a criar uma indústria em torno de bens e serviços do petróleo. De acordo com presentes ao encontro, a petista afirmou que, na questão ambiental, o país tem "papel fundamental e diferenciado", pois "não precisa destruir nada para crescer, ao contrário dos Estados Unidos, Japão e Europa".

A fala de Dilma agradou a personalidades que compareceram à reunião. O ator Hugo Carvana disse que a pré-candidata fez uma explanação excelente" e declarou intenção de votar nela. O escritor Eric Nepomuceno disse que a petista conhece bem o Brasil e também disse ser seu eleitor. Já Muniz Sodré destacou o fato de Dilma não ter lido na sua fala e "não ser um poste".

Também participam do encontro: o professor Ítalo Moriconi; os reitores Aloísio Teixeira (UFRJ) e Ricardo Vieiralves (Uerj); o produtor cultural Perfeito Fortuna; o superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade; o sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz; o presidente do Jardim Botânico do Rio, Liszt Vieira; a historiadora Isabel Lustosa, entre outros.

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