14 de jun. de 2010

Desafio da campanha de Dilma é convencer militantes

Ao abrir mão de governos estaduais em nome da aliança com o PMDB, PT viu surgirem arestas com potencial de desmobilizar a base

Correio Braziliense

» Ivan Iunes
» Flávia Foreque
» Vinícius Sassine

O PT pós-convenção nacional será um partido em busca de fechar feridas, a tempo de ingressar na campanha oficial, no início de julho, sem grandes embates internos. A maior preocupação da direção da legenda é evitar que as rusgas provocadas pelas decisões no Maranhão e em Minas Gerais, além da indefinição do quadro eleitoral no Paraná, acabem por enfraquecer a participação da militância na campanha de Dilma Rousseff (PT). Em nome da eleição presidencial, a legenda abriu mão de candidaturas majoritárias em vários estados e deve ter o menor número de candidatos a governador desde a redemocratização. Hoje, em apenas 11 estados haverá nomes do partido a governador. Nas últimas quatro eleições, a média era de 20 candidatos em todo o país.

A preocupação imediata é apagar os incêndios no Maranhão e, especialmente, em Minas Gerais. A decisão nacional de sustentar as candidaturas de Roseana Sarney (PMDB-MA) e Hélio Costa (PMDB-MG) revoltou os militantes nos dois estados. Entre os maranhenses, que já haviam acertado previamente com Flávio Dino (PCdoB), os protestos foram mais estridentes. Desde sexta-feira, o deputado federal Domingos Dutra faz greve de fome e passa dias e noites sentado no plenário da Câmara dos Deputados. No sábado, recebeu a adesão do líder camponês e um dos fundadores do PT Manoel da Conceição. Eles estão se alimentando somente de água de coco. No caso dos mineiros, os ânimos parecem controlados, mas a aparência tem grandes chances de revelar uma má vontade da militância em pedir votos para Costa a partir de julho.

Para a direção nacional do partido, a decisão de privilegiar a eleição de parlamentares e entregar as candidaturas dos governos estaduais a aliados tem como foco o apoio à campanha de Dilma Rousseff. “Somos um partido nacional, não regional. Nossa prioridade é aumentar as bancadas no Senado e na Câmara. Apostamos todas as fichas na eleição de Dilma. Os governadores não fazem oposição severa, pois dependem da transferência de verbas federais”, afirma o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Com os assentos liberados para aliados, o PT chega às eleições de 2010 com o apoio formal recorde de sete partidos — Lula, em 2006, teve quatro aliados.

A conjuntura significa mais tempo de televisão (veja abaixo) para apresentar Dilma, candidata de primeira viagem. “Teremos mais do que o dobro de TV que tivemos nas eleições de 2002 e 2006. Queremos mostrar muitas coisas que fizemos nos últimos oito anos. O Brasil que sente (as mudanças), mas não vê, vai poder ver pela televisão, com o início do horário eleitoral”, aposta o candidato ao governo de São Paulo, Aloízio Mercadante.

Paraná
Resolvida a questão no Maranhão a fórceps, resta ao PT finalizar as negociações para montagem do palanque no Paraná. A legenda está refém da decisão do senador Osmar Dias (PDT-PR), que ora almeja o governo do estado, ora pende para a reeleição ao Senado. O principal nome petista na região, Gleisi Hoffmann, não abre mão de disputar o Senado. Inflado pelo ex-governador Roberto Requião (PMDB), Dias exige a presença da petista como vice.

“A saída de Gleisi da disputa pelo Senado só interessa a Requião, que não quer concorrência. Só que nós não temos como prioridade resolver os problemas dele, mas os do PT”, reclama o ministro do Planejamento e marido de Gleisi, Paulo Bernardo. Irritados com o impasse, os petistas cogitam lançar um nome próprio ao governo, para tentar escapar da indecisão de Osmar Dias. Dirigentes da legenda não escondem mais a irritação com a indefinição do aliado, que flerta ao mesmo tempo com tucanos e petistas.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/06/14/politica,i=197479/DESAFIO+DA+CAMPANHA+DE+DILMA+E+CONVENCER+MILITANTES.shtml

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